Livros

quarta-feira, março 22

Colega de Quarto


Autor: Victor Bonini
Ano: 2015
Editora: Faro Editorial

Um livro repleto de suspense, daqueles que nos intriga e instiga,  que nos surpreende a cada virar de páginas, com .

Erick Schatz, um rapaz rico, carioca, veio para São Paulo para estudar, porém ao que parece simplesmente enlouquece e se suicida após um telefonema pedindo socorro a um detetive particular. O rapaz que mora sozinho em um bom apartamento, percebe que talvez não esteja assim tão sozinhos naquele local. Há vestígios mais do que visíveis de que há mais alguém morando ali, sapatos que aparecem, comida na geladeira,descarga no meio da noite, Tudo indica que o apartamento tem mais de um morador,

Todos desacreditam o rapaz,  afinal não há ninguém ali, é então que Erick procura um psiquiatra, para que este o avalie, e chegue a um veredito mas nada parece capaz de acalmar os nervos do rapaz que a cada dia que passa está mais transtornado. Seu último recurso é procurar um detetive, mas este também não dá muita atenção ao jovem mimado, Pelo menos não enquanto Erick ainda está vivo.

Quem é o colega de quarto de Erick Schatz? Essa pergunta está em cada página do livro, em cada momento, afinal o que levou o garoto a cometer suicídio? Será que Erick finalmente descobriu com quem divide o apartamento? O mistério é fascinante e seu desenrolar nos surpreende, não é daqueles livros obvieis, ao contrário, inesperado.

O livro tem uma escrita fluida e leve , que o torna uma leitura rápida e contínua, é difícil parar de ler. Seus personagens são bem construídos, e cheios de enigmas, com dualidades que os tornam mais humanos, mais próximos ao leitor, Vale a pena desvendar os mistérios desse apartamento.

sexta-feira, março 10

Café com o Autor - Victor Bonini

Guardiãs Entrevistam!!!

Olá, leitores! Estavam pensando que não teríamos mais entrevistas? Rá! Pegamos vocês!
A entrevista desse mês demorou um pouquinho para sair do forno graças ao Carnaval mas o que importa que estamos de volta e com um entrevistado cujo livro foi um dos maiores destaques do biênio 2015/2016: Victor Bonini. 


Victor é natural de São Paulo. Aos seis anos, mudou-se com a família para Vinhedo, interior do estado, onde morou até os dezoito. Foi quando ingressou na faculdade de jornalismo e voltou à capital. Formado em 2014, apresentou como trabalho de conclusão de curso um livro sobre o caso Pesseghini, em que apresentou vários aspectos do crime que chocou o país em 2013. Seu trabalho, elogiado pela banca de avaliadores, escrito em parceria Mariana Janjacomo, não foi publicado por um pré-acordo com a família das vítimas. Passou por outras grandes redações, como a TV Gazeta, GloboNews e Revista VEJA. Atualmente é repórter de vídeo da TV Globo de São Paulo.

Colega de Quarto foi publicado em 2015, pela Faro Editorial, e foi bastante elogiado no mercado editorial não só pela proposta (afinal sabemos o quão complicado é o mercado nacional para o gênero policial) mas pela qualidade da escrita. O livro tem um enredo envolvente e aconselhamos a todos a leitura, vale a pena. Agora, que tal a entrevista?


Guardiãs:  Além da obra "Colega de Quarto", você que é um autor bastante jovem tem mais outros três livros escritos. Victor, qual é a principal diferença que você consegue perceber entre as obras? Todas tinham um "pezinho" no gênero policial ou não?

Victor Bonini: Na verdade, tenho dois livros escritos, e apenas um publicado, Colega de Quarto. Ele tem franca inspiração nos clássicos de Agatha Christie e Conan Doyle que deixaram o "whodunit" conhecido dentro do romance policial (whodunit é aquele tipo de livro em que o leitor é desafiado a descobrir o criminoso). Cresci lendo livros assim e sempre me senti instigado a pensar junto com o detetive nas possibilidades pra resolver o crime. Por isso, foi natural seguir essa linha nos meus próprios livros.
Mas não pense que foram só os dois que me influenciaram. Tenho pelo menos uma dezena de escritores-referência, aqueles que leio e quando termino o livro penso "nossa, meu sonho é escrever algo tão bom quanto". Alguns: Dennis Lehane, Patrícia Mello e Stephen King (eis aí de onde veio a verve mais "sobrenatural" de Colega de Quarto).
Já meu outro trabalho é um livro-reportagem sobre um crime ocorrido em 2013 na Brasilândia, bairro de São Paulo. É sobre uma família inteira que foi assassinada numa mesma noite, os Pesseghini. Eu e minha parceira de obra resolvemos não publicar atendendo a um pedido da família dos envolvidos.

G: Ainda sobre o "Colega de Quarto", poderia nos falar um pouco sobre como foi o processo de criação das personagens do livro?
VBEm primeiro lugar, eu sempre li muito policial e terror. Acho que o que faz a faísca da ideia acender dentro da sua cabeça é ter muito gás vazando lá dentro. Acaba explodindo sempre com o gênero que você mais gosta. É o que dizem: você naturalmente escreve sobre aquilo que mais tem na sua estante e sobre aquilo que você conhece.
No meu caso: eu morei alguns anos na esquina das avenidas Paulista e Brigadeiro Luís Antônio. É onde tudo acontece em São Paulo. Lá, barulho é uma constante. É de ônibus, pedestre etc etc etc. Nunca me importei (pelo contrário, sou meio cosmopolita), mas eu sempre fiquei imaginando que deve ter gente que odiaria. Até porque era comum eu acordar no meio da noite com algum desses barulhos cuja origem eu nem sabia qual era.
Foi a partir daí que eu desenvolvi a trama de Colega de Quarto. Criei o Eric, um carioca que vem morar em São Paulo e que começa a ouvir barulhos estranhos no apartamento onde ele mora sozinho. Vê coisas, as luzes se acendem sozinhas, aparece um par de chinelos que não é dele... Eu achava que era um início bom para um romance (até porque deixo o leitor na dúvida sobre se é loucura ou realidade) e pensei num fio condutor para levar a ideia adiante. A partir do momento que comecei a escrever, tudo saiu muito naturalmente.

G: Como foi o caminho até a publicação do seu livro pela Faro Editorial? Tortuoso, fácil...?
VB: Foi difícil. Acho que é para todos os escritores brasileiros. Ainda dei sorte: terminei o livro em setembro de 2013 e fechei contrato com a Faro em novembro de 2014, ou seja, fiquei pouco mais de um ano tentando. Conheço gente que está há anos sem sucesso algum.
Meu plano foi: assim que eu terminei o livro, revisei uma primeira vez, ajustando ele inteiro, nos mínimos detalhes, para que ele ficasse com cara de profissional. Depois, passei para alguns leitores-beta que me disseram o que tinham achado. Fiz mais modificações (aquelas com que eu tinha concordado) e comecei a enviar para editoras. Mas não quaisquer editoras. Minha rotina era ir para livrarias e ficar horas na seção de livros policiais prestando atenção às editoras que publicavam policiais brasileiros. Isso foi essencial, porque eu consegui esquadrinhar o mercado editorial desse gênero no Brasil. Com isso, enviei o livro especificamente para as que eu tinha selecionado. Facilitou muito. Foi assim que eu encontrei a Faro, que se interessou logo pelo Colega de Quarto, e a partir daí foi só coisa boa!

G: Como é sua rotina para escrever? Aliás, você tem alguma rotina para escrever, alguma disciplina, um horário determinado ou escreve quando surge oportunidade?
VB: Não tenho horário determinado porque minha outra profissão não permite! Haha! Sou jornalista, o que significa que a cada dia eu entro num horário diferente (madrugada, manhã, tarde, noite), além de trabalhar em finais de semana e feriados. É nos horários fora do trabalho como jornalista que eu escrevo. Eu não paro. O Stephen King diz que um autor tem que escrever todo santo dia, mesmo que seja uma reprodução de um sonho, uma resenha, um início de história. Vou ser sincero: não é todo santo dia que consigo escrever. Mas juro que é só passar uma semana longe do teclado que meu dedo começa a coçar. Aliás, meu cérebro. Escrever vicia. Tenho pelo menos uma dúzia de contos prontinhos (e muitos desses "contos" têm mais de cem páginas), além de outros dois romances esquematizados.
Nesse ritmo de escrever muito, eu acabo não colocando metas pra mim. Não fico pensando "ah, hoje preciso escrever mais mil palavras senão não rendi". Acho que funciona mais naturalmente: tem dias em que escrevo mais do que em outros. E pra mim isso não tem problema. Só coloco prazos no meu trabalho quando eu sei que preciso terminar algo num tempo determinado. Foi o caso do meu novo livro. Eu sabia que tinha três meses para pôr o ponto final. Julguei que era possível e, com isso, me disciplinei a todo santo dia usar os meus minutos de descanso para escrever. Deu certo. Acho que pra mim existe apenas uma regra: quando eu preciso escrever, eu sento e escrevo! E acho que essa é a regra em que muita gente esbarra, pois ainda existe aquela ideia romântica de que escrita é só inspiração. Diria que é 30% inspiração e 70% trabalho. Não adianta ficar esperando esses 30% chegarem se você não faz os outros 70%.

G: Alguns autores afirmam que as histórias “se escrevem” sozinhas. Como se dá esse processo com você? Você pensa na trama inteira, seguindo depois um esquema previamente traçado?
VB: Eu acho que é uma questão de gênero literário. Eu vou a muitos eventos com o meu grande amigo Vinicius Grossos, que escreve dramas mais românticos e adolescentes. E nessa pergunta a gente sempre diverge! É incrível! Ele diz que vai escrevendo e a história vai se formando nas páginas. Eu sinto um pouco isso com meus livros também, mas eu acho que o romance policial exige um planejamento prévio maior. Tipo a planta de uma casa. Explico: é que a graça do romance policial é quando o leitor se surpreende com o fim e percebe que, ao longo do livro, o autor tinha distribuído pistas para que ele descobrisse os fatos que levam ao clímax. É o mínimo para que o leitor não se sinta traído. Para isso, eu-autor preciso saber desde o começo quem é o assassino. Não significa que eu engesso a história como a um braço quebrado e a partir dali mal consigo mexer os dedos. Nada disso. Pense mais ou menos como se eu partisse do ombro e soubesse apenas como será o dedo e alguns trechos do caminho até lá, tipo o cotovelo e antebraço. O restante vai se mostrando conforme vou escrevendo e tendo ideias.

G: Como a literatura entrou em sua vida? Quais são as suas influências?
VB: Comecei lendo Coleção Vagalume e os primeiros do Desventuras em Série. Mas eu comecei a amar a leitura com Harry Potter. Dali até Agatha Christie foi um desvio de rota e então não parei mais. Comecei a devorar os romances policiais. Quando eu terminei de ler os da Agatha, percebi que eu estava engolindo livros desse gênero que nem aspirador de pó. Aí decidi partir para outros gêneros também. (Nem preciso dizer que policial virou minha maior influência, né?) Hoje, intercalo: um policial, um terror, um de outro gênero. Neste momento, estou lendo Gabriel García Márquez, por exemplo.

G: Qual é a sensação de ir a uma livraria e encontrar uma obra sua à venda?
VBSensacional. Indescritível. Em proporções menores, é mais ou menos como participar de uma Olimpíada: você sabe que pra chegar lá teve muito trabalho, está muito feliz por saber que agora muita gente vai ver o resultado do seu esforço (e de que você se orgulha muito), ao mesmo tempo em que fica aquela minivergonha/humildade por compartilhar um momento tão íntimo com estranhos. É a parte mais legal (me comunicar com gente que nem estou vendo) mas também a mais intimidadora (pensa que o atleta pode ganhar o ouro na frente do mundo inteiro ou ficar em último lugar).

G: Como você concilia as suas carreiras (jornalista/autor)? As histórias que cobre no cotidiano, de alguma forma servem como inspiração para o seu processo criativo?
VBA partir do momento em que me acostumei com os horários, aprendi a conciliar bem as duas carreiras. As história que vejo no dia a dia até servem de inspiração, mas eu acho que mais para a base estrutural e pro pano de fundo do livro do que pro desenvolvimento dele. Exemplo: o que vivi acompanhando casos de polícia tanto na rua, quanto escrevendo o livro-reportagem sobre a família Pesseghini serviu para que eu embasasse os fatos que ocorreriam em Colega de Quarto após o crime. Relações polícia-suspeitos, polícia-detetive particular, como funciona um inquérito, o que pode e o que não pode, o que soa verossímil e o que nunca aconteceria na vida real... Esse é o tipo de coisa que peguei emprestado do cotidiano para fazer o Colega de Quarto. Mas o crime, em si, e os personagens -- isso tudo saiu da minha cabeça.

G: Pode nos contar o que você está lendo no momento? Quem sabe façamos uma resenha sobre ele...
VBAh, contei lá em cima mas repito: estou lendo Cem Anos de Solidão, do Gabriel García Márquez! Faz parte daqueles livros que sempre quis ler inteiro, mas só tinha lido pedaços (esses dias, descobri que este é um dos livros mais abandonados pelo leitores do Goodreads por causa da escrita densa). Estou adorando! =)

G: Para encerrar, pode deixar um recado para os leitores?
VB: Então vamos ao quadro de recados:
1- me sigam nas redes sociais (Guardiãs informam: todos os links encontram-se ao final da entrevista.  Se vocês acham que foi uma estratégia nossa, acertaram. RÁ!)
2- leiam Colega de Quarto
3- indiquem Colega de Quarto aos amigos, familiares etc etc etc
4- fiquem ligados porque no segundo semestre vai ter livro novo!!!!
5- se nos encontrarmos nas idas e vindas literárias, venham me dar um abraço!!! Juro que toda vez que eu tenho marcador de página ou comida, eu compartilho =) 



E este foi mais um "Café com o Autor", as Guardiãs estão imensamente gratas ao Victor pela disponibilidade em falar conosco, afinal sempre é enriquecedor partilhar de momentos assim, além de mostrar aos leitores que aqueles que trazem à tona histórias que nos inspiram, distraem e ajudam a vivenciar essa realidade louca do mundo real são "gente como a gente". Mais uma vez, muito obrigada Victor! Estamos ansiosas pelo segundo semestre! 


Agora você, caro leitor, nos diga o que achou e se gostou: compartilhe!



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