Livros

segunda-feira, abril 11

Lika Leu: para sempre Alice




Livro: Para sempre Alice
Autor: Lisa Genova
Editora: Nova Fronteira

Um lindo livro, mas triste e pesado na minha opinião, pois por meio dele mergulhamos na vida de Alice Howland, uma renomada professora de Havard, detentora da cadeira de linguística, palestrante mundial, autora de livros e tese na área de psicologia e linguística, que a fazem dona de uma carreira invejável. Mãe de três filhos já adultos: Ana, Tom e Lydia. Uma mulher forte, e guerreira, com quem nos identificamos logo nas primeiras páginas.

Mas é  então, que pequenos esquecimentos do dia a dia começam a surgir, e até algo mais grave como se perder há quadras de casa, preocupada e acreditando serem esses efeitos colaterais de uma possível menopausa, Alice procura ajuda médica, mas o diagnóstico é bombástico: Mal de Alzheimer de instalação precoce.

O livro mostra seu dia a dia, sua batalha na perda das funções cognitivas, na não fixação dos ontens, em sua mente, vamos acompanhando seu sofrimento ao ver sua mente que até então era ativa, ir se desligando do mundo, o não reconhecer, e o se ausentar do mundo que era seu. Sem dúvidas um livro carregado de fortes emoções. Por vezes queremos abraçar Alice e confortá-la em sua angústia, e mais, nos faz pensar, naqueles que sofrem com esse mal, em silêncio.

Há um discurso da personagem, que mostra como ainda erramos com aqueles que são acometidos por essa doença, que mexeu muito comigo, e nos mostra como socialmente não estamos prontos, para as doenças da mente

“Eu os incentivo a nos capacitarem, não a nos limitarem. Quando alguém tem uma lesão na medula espinhal, quando alguém perde um membro ou tem uma deficiência funcional por causa de um derrame, as famílias e os profissionais de saúde se empenham arduamente em reabilitar essa pessoa, em descobrir modos de ajudá-la a enfrentar e a superar os problemas, apesar de suas perdas. Colaborem conosco. Ajudem-nos a desenvolver instrumentos para funcionar, contornando nossas perdas de memória, linguagem e cognição. Estimulem a participação em grupos de apoio. Podemos ajudar uns aos outros, tanto os pacientes com demência quanto os que cuidam deles (...)".

É sem dúvida uma história sobre amor, sobre família, sobre a dor do silêncio, e o apagar das sinapses, mas é um livro para se refletir, se ter empatia, e pensar em como tratamos as pessoas. Me apaixonei, por essa mulher, por essa Alice, tão forte e frágil, que ainda assim luta para se apegar a fios esgarçados de memória.

sexta-feira, abril 8

Paty leu Lonely Hearts Club

Lonely Hearts Club

Lonely Hearts Club
Editora Intrínseca 
Autor: Elizabeth Eulberg
Ano de publicação: 2011
Nº de páginas: 240

Sinopse

Em seu romance de estreia, Elizabeth Eulberg, musicista na adolescência e beatlemaníaca de carteirinha, cria o Lonely Hearts Club, que se transforma no refúgio ideal para garotas que só precisam de uma coisa para recompor seus corações partidos: a companhia das amigas.

Em Lonely Hearts Club, após mais uma decepção amorosa, Penny Lane Bloom cansou de tentar, cansou de ser magoada e decidiu: homens são o inimigo e ela não irá mais namorar enquanto estiver na escola. Ao ver que, definitivamente, não é a única a sofrer nas mãos dos garotos nem a única aluna farta de ver as amigas mudarem completamente (quase sempre, para pior) só para agradar aos namorados, Penny decide criar o Lonely Hearts Club, o lugar certo para uma mulher que não precisa de namorados idiotas para ser feliz.

O clube, é lógico, vira o centro das atenções na escola McKinley e Penny é idolatrada por dezenas de meninas que não querem enxergar um namorado nem a quilômetros de distância. Jamais. Seja quem for. Mas será, realmente, que nenhum carinha vale a pena?

Sobre o livro

Sim, é um chic-lit.
Sim, é mais um romance jovem adulto.
Sim, era bastante previsível. Mas, falando sério, como você pode não amar um livro que tem como pano de fundo as músicas dos Beatles?!?!? 

Isso já é perceptível pelo título do romance (Lonely Hearts Club), uma referência à música Sgt. Pepper's lonely hearts club band. E, graças a Deus, as referências não param por aí. A personagem principal é Penny Lane. Cada capítulo é uma canção diferentes Beatles ( Yesterday, Come together são apenas alguns exemplos). A capa do livro é uma referência aos Beatles e emblemática foto na Abbey Road. Sim, são muitas referências aos quatro rapazes de Liverpool mas você não precisa ser uma beatlemaníaca (como eu) para gostar deste livro, não. E sabe por que? Porque a trama dele fala direto aos nossos corações (sim, estou poética).

A trama do livro se desenvolve a partir do momento em que Penny descobre que o cara por quem ela foi apaixonada por boa parte de sua existência (Nate) não era exatamente o príncipe que ela idealizou desde os seus 5 anos (quem nunca?) e quando isso acontece, como qualquer um faria, ela busca amparo e consolo em algo que a faça se sentir melhor. No caso da nossa heroína, sua tábua de salvação atendem por: John, Paul, Ringo e George, mais conhecidos como The Beatles.

E inspirada tanto por sua tragédia pessoal quanto pelos Beatles, ela funda o Lonely Hearts Club: um clube onde as garotas focariam em qualquer outro tópico na vida que não fossem garotos nem romance, um clube que as faria olhar para dentro de si mesmas. O que a meu ver, muito além da superação de uma desilusão amorosa e do romance (no caso, com o adorável Ryan), é o ponto forte do livro: o fato de empoderar garotas e lhes dizer: "vocês são muito mais do que a namorada/noiva/esposa/whatever de alguém." 

Sério, gente, quantas vezes na adolescência (ou mesmo na vida adulta) de vocês não aconteceu de você se apaixonar, criar uma ilusão tão gigantesca a respeito daquela pessoa e depois cair do cavalo? Comigo aconteceu um sem número de vezes e por muito tempo na minha vida eu era a "miss dedo podre" que tentava a todo custo se encaixar na ideia do romance ideal (que não existe, vale lembrar).

Além disso, o livro fala bastante sobre o valor da amizade. A construção da amizade entre Penny, Tracy e, posteriormente, Diane foi incrível. Há uma cumplicidade, uma aceitação tão rara de se ver hoje em dia entre elas. Elas se apoiam sem cobranças, disputas ou ressentimentos bobos. Simplesmente incrível e foi impossível ler e não pensar nas minhas próprias amigas. Não relembrar tudo que já passamos juntas, tudo o que fazíamos nos áureos tempos de escola, as conversas que tínhamos, enfim, as pessoas que éramos e que construíram quem somos hoje. 

Este livro definitivamente trouxe sorrisos e doces lembranças embalados pelas canções de uma das minhas bandas favoritas desde que me entendo por gente. Meu veredito: leia, vale a pena!

A autora

ELIZABETH EULBERG nasceu e foi criada em Wisconsin, nos Estados Unidos. Cursou a faculdade em Syracuse e fez carreira no ramo literário em Nova York. Mora nos arredores de Manhattan.

Quer saber mais?

- Página do facebook da autora:https://www.facebook.com/ElizabethEulberg

- Playlist do livro: http://www.elizabetheulberg.com/the-lonely-hearts-club-playlist/

segunda-feira, abril 4

Lika Leu: A Colina Escarlate





Titulo: A colina escarlate
Autor: Nancy Holder
Editora:Record
Ano:2015


Um livro cheio de suspenses e reviravoltas, enigmático, nos faz viajar para o século XIX, onde conhecemos Edith, uma jovem, que teve que lidar com a morte ainda menina, o que resultou em uma imaginação pitoresca, e a capacidade de colocá-la ao papel, seu maior sonho é se tornar uma grande escritora. Mas mais do que isso é herdeira de uma grande fortuna, já que seu pai, nunca mais se casou ou teve outros filhos, o que a torna uma pretendente interessante.

Thomas Sharpe, vem da Inglaterra em busca de financiamento para o seu audacioso projeto de extração de argila, sua irmã Lucile o acompanha o tempo todo, mas quando os olhos dele recaem sobre Edith ele se encanta, e a jovem tem seu coração roubado.

Apesar do pai interferir nessa relação de forma abrupta, ele não consegue impedir o casamento, já que misteriosamente vem a falecer, com o caminho livre, e sem impedimentos Edith e Thomas se casam, e se mudam para a Colina Escarlate, a propriedade do jovem marido, ali também sua irmã mora, e não faz a vida de Edith lá muito fácil. Mas o clima frio e a casa que respira, e parece ter vida própria, vão adoecendo a jovem esposa, que perambula pela casa, e começa a desvendar seus tão enraizados segredos.

Histórias de amor e ódio vão surgindo por baixo dos carpetes e por trás de papéis de parede embolorados, sangue, a casa pulsa por sangue, ela respira e geme, ajuda ou atrapalha , é nesse clima que a história vai se desenrolando, aos olhos do leitor, até aonde se vai por amor? O amor muda uma pessoa? É possivel amar mais de uma vez?  perguntas como essas ficam em nossas mentes durante a leitura, mas também o preço a se pagar por um sonho.

A leitura causa calafrios, mas é bem escrito, e com personagens bem interessantes, mulheres de força e coragem que lutam por aquilo que querem e acreditam.